sábado, 15 de março de 2008

"Sócrates é incompetente"

Menezes considera que Sócrates já terá "alguma dificuldade" de propor baixa de impostos


O presidente do PSD, Luís Filipe Menezes afirmou ontem à noite que o primeiro-ministro, José Sócrates, já terá “alguma dificuldade” em ir ao Parlamento propor “qualquer tipo de baixa de impostos” depois do que disse em Bruxelas.

Reagindo ao anúncio feito na véspera por Luís Filipe Menezes de que o PSD vai propor uma descida de impostos no Orçamento do Estado para 2009, José Sócrates afirmou sexta-feira, em Bruxelas, que é “leviano e irresponsável” fazê-lo sem se conhecer os dados finais da economia portuguesa do ano passado e os indicadores dos primeiros meses deste ano.

“Se o primeiro-ministro chama isso de leviano e irresponsável, posso deduzir dessa afirmação que não irá descer impostos até 2009, não irá tomar nenhuma medida eleitoralista de última hora, não irá fazer aquilo que o ministro das Finanças disse na semana passada numa entrevista a um jornal estrangeiro, porque ainda tem vergonha de o dizer em Portugal”, considerou Menezes em Viseu, durante um jantar que reuniu cerca de 1.200 pessoas.

O líder do PSD fez votos para que José Sócrates “não queira que esse ataque lhe seja reenderaçado”, não da sua parte, “mas por ele próprio, em função de uma opção lá para diante que tenha a ver exclusivamente com os seus benefícios eleitorais”.

Segundo Luís Filipe Menezes, o presidente do grupo parlamentar, Santana Lopes, “que tem afrontado com coragem, determinação e frontalidade” o primeiro-ministro, irá perguntar-lhe nos próximos debates “o que é para ele consolidação orçamental”.

“Ele sempre disse que iria baixar impostos aos portugueses quando houvesse consolidação orçamental. Ele vai ter que dizer de quanto é o défice, o crescimento, a dívida pública e o endividamento externo, para termos de facto consolidação orçamental”, referiu.

No entanto, Menezes considera à partida que “depois do que (o primeiro-ministro) disse em Bruxelas, já terá alguma dificuldade de ter o descaramento de ir ao Parlamento e, nas circunstâncias actuais, propor qualquer tipo de baixa de impostos".

Luís Filipe Menezes lamentou o uso dos termos “leviano e irresponsável”, que disse serem “palavras grossas”.

“Não sou capaz de dizer que o primeiro-ministro de Portugal é irresponsável ou leviano. Só sou capaz de dizer que ele é incompetente, que não conseguiu cumprir aquilo que prometeu”, frisou.

Na sua opinião, “leviano e irresponsável o primeiro-ministro não é, nem este nem nenhum”.
“Quem chega a primeiro-ministro de Portugal é alguém que quer o melhor para os portugueses e eu acredito que o engenheiro José Sócrates quer o melhor para os portugueses, só não conseguiu atingir aquilo com que sonhou, porque as suas opções políticas estão erradas”, acrescentou.

O líder social-democrata estima que, para Portugal atingir o crescimento da União Europeia “ao ritmo do engenheiro José Sócrates precisava de 130 anos de governação socialista”, porque “apesar de ele correr muito a pé, anda parado a governar”.

“Nós não dizemos que vamos chegar lá em um ano ou dois, dizemos é que se tivermos convicção, esperança, se dermos liberdade aos nossos empresários, se acreditarmos na nossa economia, se libertarmos a nossa sociedade deste peso opressivo do Estado, se mobilizarmos o país, podemos chegar lá muito mais depressa”, explicou.

Foi neste âmbito que diz ter apresentado quinta-feira, em entrevista à RTP, a proposta de descida dos impostos.

“É impossível competir, nomeadamente à escala ibérica, com impostos elevadíssimos como temos e com a situação fiscal do outro lado da fronteira”, afirmou, reiterando a necessidade de “rapidamente caminhar para uma harmonização fiscal” com Espanha.

Menezes garantiu que, se o PSD passar a governar, Portugal estará em quatro anos nivelado com Espanha em termos fiscais.

“A competição de Portugal não é com a Europa do Centro, é com a Espanha. Os portugueses para serem mais ricos têm de crescer, no mínimo, um ponto percentual acima da Espanha durante duas legislaturas”, acrescentou.

Lusa

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