sexta-feira, 21 de março de 2008

A crise de autoridade dos professores

O vídeo do YouTube que mostra uma aluna de uma escola secundária do Porto a afrontar fisicamente a professora que lhe retirou o telemóvel, obriga-nos a reflectir muito seriamente sobre mais este aspecto negro do nosso sistema educativo. A urgente melhoria da qualidade do ensino é incompatível com a actual crise de autoridade dos professores que corrói o sistema educativo e o impede de ser mais eficiente.

A crise de autoridade é uma baixa colateral da democratização aberta pelo 25 de Abril que massificou o acesso ao ensino e dilatou a escolaridade obrigatória. E é também consequência de uma mudança brutal na relação de forças no interior das famílias, onde os pais passaram a girar em torno dos filhos. Durante séculos, crianças e adolescentes contribuíram para a economia familiar, guardando rebanhos ou apanhando batatas. A Revolução Industrial atirou-os para as fábricas e as minas. Até que no século XX foram inventados o conceito de infância, o ensino obrigatório e a igualdade dos sexos que levou à entrada maciça das mulheres num mercado de trabalho cada vez mais competitivo e exigente em termos de horário de trabalho.

Sem tempo e disponibilidade de espírito para educar os filhos em casa, os pais mimam-nos para os recompensarem da pouca atenção que lhes dispensam. O resultado de tudo isto é que nunca os filhos foram tão ociosos e adorados - e uma boa parte deles tão mal educados como a aluna do Carolina Michaëlis que se virou à professora.

Como sobram para a escola as consequência nefastas do défice de educação que os alunos recebem em casa, é fundamental e urgente a adopção de medidas duras que ajudem a restabelecer a autoridade dos professores nas salas de aula. Uma punição exemplar para aluna do vídeo do YouTube seria um óptimo começo. E os professores não repetirem alguns dos comportamentos da última manifestação também.

Editorial DN

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