domingo, 16 de março de 2008

Alberto João Jardim - 30 anos depois


“Mudança de mentalidades é a maior mudança na Região”

Alberto João Jardim cumpre segunda-feira 30 anos à frente do Governo Regional da Madeira e elege a mudança da sociedade como o seu maior motivo de orgulho, garantindo que não voltará a recandidatar-se em 2011.

O líder do PSD/Madeira preside ao Governo Regional desde 17 de Março de 1978 e, nas últimas eleições, a 06 de Maio de 2007, conquistou a sua nona vitória consecutiva, alcançando mais de 64 por cento dos votos expressos.

Jardim destaca a mudança de mentalidades como a principal mudança na Madeira nos últimos 30 anos.

"Era uma sociedade extremamente hierarquizada, feudalizada mesmo, sobretudo nas relações culturais, sociais, humanas. Hoje é uma sociedade moderna, sem preconceitos, europeizada", sublinhou.

O governante, que nunca se candidatou a outros cargos fora da ilha, justifica a sua permanência na Madeira com as diferenças entre o PSD regional e o PSD nacional, onde considera haver menos lugar para o "humor e a caricatura" na política.

"Penso que seria incómodo para o próprio PSD nacional. Eles estão bem lá e eu estou bem cá", defendeu.

Ao longo de 30 anos uma das críticas mais recorrentes a Alberto João Jardim foi a de que existiria "défice democrático" na Região da Madeira, expressão celebrizada pelo ex-Presidente da República Mário Soares, mas que não incomoda Jardim.

"O Dr. Mário Soares, pessoa que eu muito respeito e por quem até tenho uma amizade carinhosa, acabou por dizer que o défice democrático era em todo o país, na União Europeia e não sei se até no planeta Marte", ironiza.

Dando um exemplo prático, Alberto João sublinha que o PS-Madeira, com apenas sete deputados, teve mais tempo de antena televisivo que o PSD-Madeira, que tem 33 deputados, e o Governo, em conjunto.

"Se isto é défice democrático se calhar no conceito socialista só havia democracia se me calassem e ao PSD", refere.

"É uma coisa que não me preocupa minimamente, que até me faz rir. Se forem ali à rua e falarem de défice democrático, toda a gente se começa a rir", garante.

Num momento em que as relações com o Governo da República pareciam estar numa fase positiva - Jardim saiu de um recente encontro com o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, com um "sentimento de boa vontade" - o governante madeirense alerta que a relação com o executivo tem de ser recíproca.

"Eu sou um homem de boa vontade, em todas as circunstâncias, mesmo quando elas são as mais catastróficas possíveis. O sentimento de boa vontade mantém-se, agora eu gostaria também de encontrar na outra parte boa vontade", sublinha.

O presidente do Governo Regional já anunciou, por ocasião da sua tomada de posse a 06 de Maio de 2007, que não tenciona candidatar-se a um décimo mandato nas eleições legislativas regionais de 2011.

Apesar de falar na sua saída desde 1982, tendo sempre recuado, desta vez, Jardim garante que a decisão de não se recandidatar "é um facto adquirido".

"Desta vez disse-o em ocasiões muito solenes e muito sérias justamente para evitar marcha-atrás e para evitar que o meu partido arranjasse argumentos fortes de última hora", explicou.
"Já sabem que é assim e tudo vai ser preparado para o congresso do PSD da Madeira no ano 2011", garantiu.

Para o seu sucessor, Alberto João Jardim deixa um desejo que é, ao mesmo tempo, um desafio."O que eu gostava que o meu sucessor conseguisse era ter mais votos do que aqueles que eu consegui", afirmou Jardim.

Sem querer falar em nomes para o seu sucessor, Jardim traça o perfil que gostaria de ver à frente do PSD, alertando que o essencial será encontrar "uma pessoa que mereça a confiança da maioria do eleitorado".

"Tem de ser uma pessoa que, em primeiro lugar, dê garantias e confiança à população que tem capacidade para o lugar", sublinhou.

Por outro lado, o presidente do Governo regional salienta que o seu sucessor não poderá ter "rabos-de-palha" na sua "vida económico-material".

"Em terceiro lugar, tem de ser uma pessoa com um forte poder de comunicação, poder de dialogar com a população sobre os assuntos que interessam", disse.

Lusa

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