quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sines que futuro?

Falar de Sines é falar de dificuldades: um concelho que está distante da sede do distrito e ainda mais afastado da capital do país; uma terra de fraca militância partidária, agravada em tempos de oposição; uma autarquia CDU de maioria absoluta que domina e sufoca as associações culturais, recreativas e desportivas; um executivo camarário comunista com mais de três décadas.

Mas mais importante é falar de Sines e falar de Sines é falar de um projecto ainda adiado. Muito foi feito, é bem verdade, mas está ainda muito por fazer: os investimentos estruturantes que se anunciam mas não se concretizam; as acessibilidades rodo-ferroviárias que se prometem mas não se realizam; a monitorização ambiental e o seu impacto na saúde das populações que se exige mas não se conhece; a construção do Centro de Saúde, que parece ter caído no esquecimento; o ordenamento do território e o planeamento urbano que garantam melhor qualidade de vida para quem ali vive mas que tarda em chegar.

Enfim, Sines tem sido, infelizmente, um dos centros da propaganda do Governo e um alvo da inépcia do poder autárquico. Quando se fala de Sines, é preciso ser-se consequente, é necessário passar à acção.

O concelho de Sines tem enormes potencialidades, fruto da sua localização estratégica e das condições hidrográficas únicas em termos nacionais. É, naturalmente, um pólo de desenvolvimento do país nas áreas industriais, de serviços de valor acrescentado, como a logística, da intermodalidade e do turismo. Deverá sê-lo, contudo, de forma sustentada e com respeito pelo ambiente e pela qualidade de vida das populações. O investimento não é necessariamente bom se não respeitar a natureza e as condições de habitabilidade presentes e futuras.

A volúpia de resultados imediatos não nos deve impedir de reprovar projectos que não respeitem as regras e as exigências de desempenho ambiental. Nestes termos, é possível e desejável receber investimentos em unidades industriais, turísticas e de serviços que criem valor e postos de trabalho qualificados.

Mas Sines é, também, uma terra com fortes tradições na pesca, sector que deve ser visto com empenho e tratado com a atenção que merece. Não é, infelizmente, o que se está a passar, com responsabilidades bem identificadas no poder central.

O poder autárquico em Sines não tem sabido gerir as suas relações com os sucessivos governos no sentido de garantir este desenvolvimento do concelho que é desejável; por outro lado e ao nível das suas competências, tem sido incompetente, como o prova a grave situação financeira em que a Câmara se encontra.
O poder central apenas olha para Sines quando parecem estar em causa grandes projectos, sem visão estratégica de longo prazo e sem cuidar das necessidades básicas destra área, imprescindíveis para a tornar um motor de desenvolvimento do Alentejo e do país.

Pelas razões expostas, devemos dar mais atenção às potencialidades deste concelho e às condições que o mesmo tem para oferecer em termos de criação de riqueza e do desenvolvimento sustentado de Portugal. Sendo bom para o distrito e para o país, é necessariamente bom para todos os Sineenses. Os Sineenses estão disponíveis para o desafio, estará o país?

Célia Bandeira

Comissão Política de Secção de Sines do PSD

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