terça-feira, 3 de junho de 2008

Manuela Ferreira Leite vence eleições do PSD


Manuela Ferreira Leite venceu as eleições directas para a liderança do PSD, com cerca de 38%, contra os 31% de Pedro Passos Coelho e os 29% de Pedro Santana Lopes. A nova líder social-democrata foi eleita com 17 342 votos, pouco mais de três mil votos do que o segundo e menos do que quatro mil do que o terceiro.

Apesar dos resultados que revelam um equilíbrio algo instável, Manuela Ferreira Leite optou por fazer um discurso de vitória onde o apelo à unidade interna passou para segundo plano. A líder eleita atirou, com destinatários certos: "Começámos há um mês com um partido sem credibilidade. Saímos desta campanha com o PS a sentir necessidade de apelar aos socialistas ainda há poucos dias para cerrarem fileiras."

Para além de visar directamente a direcção cessante de Luís Filipe Menezes, Ferreira Leite quis dar um sinal para os próximos tempos. A preocupação dos socialistas é, segundo a líder eleita, "o melhor sintoma" de que o PSD já está "a virar a página". E como? A "trazer para a agenda política os problemas que preocupam os portugueses. A história do PSD é isso, sempre que soube identificar-se com os problemas do país fortaleceu-se".

O discurso, lido num hotel do centro de Lisboa que antes albergava a sede da RTP, foi curtíssimo e sem direito a quaisquer perguntas da parte dos jornalistas. Manuela Ferreira Leite também não saudou os seus adversários nas eleições directas, tendo preferido elogiar os "companheiros" que concorreram consigo, "companheiros há muito desinteressados da vida partidária". Sem referências ideológicas ou programáticas neste primeiro discurso, Ferreira Leite elegeu a classe média como prioridade: "A classe média não pode continuar a ser vítima de políticas que a penalizam. Precisamos de uma classe média forte". Depois disto, o discurso (que durou bem menos de cinco minutos) ainda incluiu referências à necessidade de os militantes do PSD e os eleitores potenciais do partido terem "esperança" e na vontade de "conquistar os jovens".

Se tinha entrado ao som do hino do PSD - com as habituais palavras de ordem "paz, pão, povo e liberdade" -, Manuela Ferreira Leite deixou a sala do hotel reservada para o discurso de vitória sob fortes aplausos: "Manuela, Manuela, Manuela"...

A seu lado Manuela Ferreira Leite teve o baronato do PSD e muito povo, muitas bases. Tendo aterrado ao princípio da tarde vinda de Londres - onde foi ver o seu neto, João -, ainda teve tempo para ir votar e para assistir ao evoluir da situação eleitoral junto com o seu staff mais chegado.

No hotel escolhido para a vitória estavam caras como José Arantes, antigo secretário de Estado de Durão Barroso, que optou por ver o jogo da selecção nacional no lobby enquanto a candidata não chegava. E várias figuras há muito tempo afastadas das lides partidárias. É o caso de Rui Machete, antigo líder do PSD, de Vítor Crespo, antigo presidente da Assembleia da República, Artur Torres Pereira, antigo secretário-geral de Marcelo, Pedro Roseta, José Pacheco Pereira, Miguel Beleza. Para além de José Luís Arnaut (que comandou as operações, mais que Marques Guedes ou Paulo Mota Pinto) e Alexandre Relvas.

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